Por que eu amo as redes sociais

Coisa linda as redes sociais. Já viu? Raras são as pessoas que têm problemas no Facebook. Até parece a vida real, offline, em que procuramos não expor nossas dificuldades. Dificilmente há gritos de socorro pessoais no Facebook – os que aparecem, normalmente, são amigos tentando ajudar uns aos outros. E tem mais: na vida online, todo mundo – até quem é chato pra caramba – parece legal, feliz e rodeado de muitos amigos (quer coisa mais relativa do que o número de amigos que se ‘coleciona’ no Facebook ou no Twitter???).

Todo mundo sempre tem fotos em que aparece sorridente pra mostrar nas redes sociais. Eu mesma tenho várias. 🙂 Tento contrabalançar com comentários sarcásticos e engraçados no Twitter – muitas vezes sobre minha vida ou opinião pessoais. Minha intenção é manter meu perfil o mais humano possível (lembrando que ele está devidamente vinculado ao Facebook – acho que faz todo o sentido que as redes sociais interajam entre si). Muitas vezes, fico na dúvida se minhas atualizações são sequer lidas (ou entendidas, vai saber…), já que tudo chega muito rápido, vindo de todos os lados. No fim das contas, acho que faço comentários e emito opiniões para mim mesma – para que eu possa, no futuro, saber o que eu pensava do que acontece no presente.

Algumas coisas, porém, me chamam a atenção e me fazem amar ainda mais essas redes. E, juro, pode ser que eu esteja sendo repetitiva ou falando bobagem, mas este blog é justamente sobre as minhas sensações. Não pretendo que ele seja profissional; ao contrário, ele é totalmente amador e muito, muito, muito amado. Vamos lá:

– já reparou que, normalmente, você e seus amigos (algumas vezes, até mesmo os que não se conhecem!) gostam das mesmas coisas? Aquele vídeo engraçado aparece na sua página por dias seguidos vindo dos mais diferentes perfis. Quem foi o primeiro ou o último a postar não importa muito, o que importa é podermos dividir nossas impressões sobre o mundo com gente que divide afinidades conosco. E mais: a chance que todo mundo tem de ter uma voz, que é ouvida, é absolutamente maravilhosa!

– talvez haja um pouco de confusão sobre o sentido do botão ‘curtir’ (que tem, aliás, uma tradução de que eu particularmente não gosto; não sei vocês, mas tenho a impressão de que minha geração usa mais o verbo ‘amar’ do que o verbo ‘curtir’ pra se referir a algo de que ‘gosta’). Essa confusão sobre o sentido do botão ‘curtir’ pode, inclusive, ser apenas na minha cabeça. 😛 Se eu, por exemplo, publico um vídeo, texto de blog, foto, frase, o que quer que seja, isso já não indica que eu ‘curto’ aquela informação? Preciso ainda clicar o botão ‘curtir’? Ou isso seria para que meus amigos indicassem que ‘curtiram’ tanto quanto eu (alguns, inclusive, republicando em seus perfis)? Um monte de gente ‘curte’ seus próprios inputs. Pra mim, é algo como: eu gosto-gosto, eu amo-amo, eu curto-curto. Eu normalmente não clico em ‘curtir’ (a não ser que eu tenha curtido-curtido de verdade – já que, se ‘curto’ algo, republico na minha página). Outro ‘uso’ do ‘curtir’: encerrar um mini-chat (normalmente um diálogo) iniciado em uma atualização. Uma das partes ‘curte’ o último input da outra parte e… assunto encerrado. Eu acho esse uso bem descontextualizado e não tenho ideia de onde ele surgiu, mas ele anda bem disseminado (vai ver é assim que as bizarrices se formam…). Só pra concluir: se você leu até aqui e pegou raiva da opção ‘curtir’ depois da repetição proposital neste parágrafo, minha meta já está cumprida. E eu curti! 😉

– é impressionante como as redes sociais (principalmente o Facebook e o Twitter) viraram a versão recauchutada dos chats dos portais. Em muitos casos, com uma vantagem clara: existe uma boa chance de que você conheça de fato as pessoas com quem está falando. Quem nunca entrou num desses chats e ficou horas conversando com alguém que nunca tinha visto na vida (e tentando evitar que a conversa fosse parar em assuntos pouco católicos), não sabe o que é ter de sobreviver em um mundo online hostil. Pois bem, Facebook e Twitter hoje fazem o papel desses chats com mais segurança para ambas as partes. Ah, e ainda fazem as vezes do e-mail em muitas situações.

– e a intimidade que todo mundo tem com todo mundo nas redes sociais? Estou falando, principalmente, de mim. Eu converso com gente que conheço bem, que conheço pouco, que mal conheço e que não conheço todos os dias usando uma única ‘tecnologia’. Dou palpite em assuntos que me interessam, mesmo que a conversa envolva alguém que, ainda, não faz parte da minha rede direta de contatos. Acho isso o máximo! Comunicação é a minha grande verdade e a minha maior paixão (deu pra notar que eu sou geminiana, né?! E com ascendente em gêmeos! :-)). Mais do que isso, porém, e muito além da minha singela rede de contatos, as redes sociais representam a democratização da interação entre quem tem algo pra falar e quem está louco pra ouvir. Isso é de uma beleza ímpar, já que cada ator encontra sua plateia a apenas um clique de distância. É como pegar o metrô e sentar ao lado do seu ator preferido ou, mesmo sem que você saiba, do grande amor da sua vida. Eu, por via das dúvidas, sempre puxo assunto. 😉

– todo esse oba-oba tem um preço, claro. Já há quem estude os efeitos de toda essa comunicação desenfreada e caótica. Um dos mais debatidos atualmente é o Fear Of Missing Out (FOMO) – aquele medo que a gente sente de estar ficando de fora das conversas quando desliga o Facebook ou o Twitter. Isso chegou a um ponto em que fazemos questão de instalar os aplicativos das redes sociais em nossos celulares para que as atualizações estejam ali, ao alcance dos nossos dedos, sempre que quisermos ter acesso a elas (vai que a conversa no barzinho fica chata, né?! Melhor garantir… :-P).

Todos os dias descubro coisas novas nas redes sociais. Acho que ainda tenho muito a desbravar e desvendar. Se você quiser me dar dicas, use o link para comentários logo ali embaixo. E, se concorda comigo, fique à vontade pra compartilhar!

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Da dificuldade de lidar com a ‘cantada’

Eu tenho um problema. É meio constrangedor, mas vamos lá: eu não sei lidar com a ‘cantada’. Pior: fico reticente com quem me ‘canta’ (se eu não estiver interessada, bem entendido ;-)). #prontofalei

Outro dia, fiquei pensando se desenvolvi isso aqui em Londres ou durante minhas viagens – sozinha – pelo continente europeu. Não foi; eu já era assim no Brasil.

Aliás, talvez seja justamente essa a origem da minha atitude: não há como negar que os longos verões do Brasil são um convite eterno à cantada de mau gosto. Aquela em que o fulano olha pra nós, mulheres, com cara de cachorro no cio (ou cachorro louco!). Engana-se quem pensa que essa atitude seja exclusiva dos pouco escolarizados; tive amigos na faculdade que agiam assim. Ainda bem que não comigo.

E há quem diga que mulher que usa minissaia e decote está ‘pedindo’ a cantada (ou coisa pior). Acho de uma miopia – pra não dizer machismo e falta de tato – impressionante alguém dizer isso. Realiza: está calor e a mulher não pode usar roupa de verão pra não ser assediada? Se somos seres racionais e vivemos em sociedade, deveríamos ser capazes de conter nossos impulsos irracionais. Ou não, certamente pensarão alguns.

Nem sempre, porém, a roupa tem papel principal na cena da cantada. O que mais me perturba é a cantada ‘civilizada’ vinda de alguém próximo (colega de trabalho ou de faculdade, irmão da amiga, amigo do amigo…). Não sei lidar com isso de forma nenhuma.

Se ouço uma gracinha na rua quando passo, xingo o autor e pronto (literalmente: não sou daquelas que se indignam, mas seguem em frente caladas enquanto a cabeça fervilha de desaforos nunca falados). Independentemente de a cantada ser elogiosa ou não, odeio ser julgada pelas minhas roupas. É como se o que eu visto tivesse uma conotação sexual intrínseca e irrefutável que, paralelamente, exigisse uma atitude imediata do macho-alfa que me vê.

Quando a cantada vem de alguém do meu círculo de amizades, porém, fica bem mais difícil. Minha primeira atitude é me afastar (muito) do ‘cantador’ e agir de forma bastante dura com ele. Cruel, às vezes. Eu tenho consciência total disso, mas não consigo agir de outra forma. Simplesmente porque não sei de que forma agir.

Em alguns casos são cantadas lisonjeiras e delicadas, mas na tentativa de deixar claro meu ‘não-interesse’, ajo com radicalismo. Já me recusei, por exemplo, a abraçar um amigo na confraternização de fim de ano para evitar que ele imaginasse que podia continuar com as investidas. E já fiquei sem palavras quando um colega me perguntou por que eu o tratava com frieza.

Conheço muitas mulheres que deixam claro que não estão interessadas de forma direta e objetiva sem se afastar ou agir com frieza. Eu não consigo. Acho que, por eu ser muito brincalhona, poucos me levam a sério se não mudo radicalmente minha atitude. Se alguém aí conhecer uma fórmula que me ajude a lidar melhor com isso, pago bem! 😛

Claro que quando existe interesse mútuo, a história muda. Além, é claro, de as palavras soarem como música aos ouvidos. Nesse caso, se recebo uma cantada (e ela nem precisa ser muito criativa), não fico brava; fico toda contentezinha e faceira. 😉

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Ah, os ingleses… [3]

Como eu disse aqui e aqui, estou longe de ser antropóloga, psicóloga ou socióloga. Esta é apenas uma coletânea do comportamento e do estilo de vida ingleses, conforme minhas observações ao longo de seis anos morando em Londres.

Ingleses, o epílogo

Ingleses moram mal, muitas vezes em casas velhas construídas há décadas (quiçá séculos – e eles se orgulham disso!), onde o chão range em todas as partes e as finas paredes não filtram nenhum som. Eles associam ambientes acarpetados a conforto – em algumas casas, até o banheiro tem carpete.

Eles geralmente passam invernos quentinhos dentro de casa, olhando a neve ou a chuva caindo lá fora enquanto aproveitam o conforto aquecido de seus lares. Quando dá, saem para fazer bonecos de neve e brincam com eles até ficarem com as mão geladas, os cabelos molhados e as bochechas rosadas.

Ingleses compram comida no Tesco, roupas, sapatos e acessórios na Primark, móveis e eletrônicos na Argos, remédios na Boots e bugigangas na Poundland. Compram carro para usar no fim de semana e assinam hipotecas de casa para pagar a vida inteira. Ingleses pagam as contas de água, gás e luz a cada três meses (ou usam um sistema conhecido como ‘pay as you go’: coloca-se crédito em um cartão e tem-se luz ou gás enquanto houver dinheiro).

Eles normalmente viajam pouco – muitas vezes nem têm passaporte ou sequer cruzaram o Canal da Mancha para conhecer Paris. Em geral, não falam outro idioma, mas adoram aprender expressões ou palavras soltas. Não raro, se apegam a elas: conheço um que incorporou ‘cafona’ ao vocabulário e está disseminando entre os amigos.

Ingleses se orgulham de ter um rio limpo, o Tâmisa, correndo de um lado ao outro da capital inglesa e abrigando mais de 100 espécies de peixes em suas águas. Eles têm o relógio mais pontual, o Big Ben, e a maior roda gigante, a London Eye – que, num dia claro, permite ver até 25 milhas de distância.

Ingleses adoram chapelarias – desde que sejam gratuitas. Guardam tudo lá – seja inverno ou verão, primavera ou outono. O caso mais bizarro foi o de uma garota que guardou apenas uma garrafa de água e perdeu o tíquete correspondente. Ainda assim, fez questão de resgatar a tal garrafa. Muitos perdem o tíquete da chapelaria ou têm preguiça de procurá-lo na bagunça dentro de suas bolsas (ou bolsos de casacos e calças).

Muitos ingleses vão a todos os lugares carregando mochilas – inclusive a festas de casamento. Há os que passem no supermercado, façam compras para a casa e levem consigo ao ir para uma festa. Quanto mais carregados de itens estiverem, e quanto mais jovens forem, menor a chance de darem gorjeta quando resgatarem a infinidade de objetos deixados na chapelaria.

Ingleses sempre comparecem a festas em que confirmaram presença. E nunca levam convidados extras – os populares ‘bicos’. Se vão a casamentos, levam as flores e o bolo que sobraram da cerimônia para casa quando a festa termina.

Ingleses são burocráticos e adoram enviar cartas dos mais diversos tipos: da abertura de uma conta no banco à aceitação na universidade, passando pelas vezes em que se vai mal numa entrevista de emprego. Ingleses fazem a alegria das fábricas de cartões, já que todas as ocasiões são motivo para enviar um.

Ingleses não cuidam dos dentes. Há o caso do gerente-geral cujo pivô frontal quebrou, mas não o impediu de comparecer ao trabalho. Foram dois dias trabalhando banguela, até que uma visita agendada do príncipe Charles fez que ele resolvesse fechar a ‘janelinha’.

Eles jamais desprezam moedas, não importa o seu valor. E nunca dão – ou aceitam – troco em bala! Eles preferem ficar cheios de moedas a procurar por elas na hora de pagar algo: costumam usar notas de valor alto para pagar pequenas quantias e normalmente só procuram pelas moedas se forem lembrados.

Ingleses vindos de diferentes partes do país, trazem consigo os mais distintos sotaques (exatamente como acontece em qualquer lugar do mundo) – do qual normalmente se orgulham. E pode ser bem difícil entendê-los! Por outro lado, mostra o quão únicos e adoráveis eles são. Ah, os ingleses…

Aviso legal

Ingleses são diferentes entre si e em relação às demais nacionalidades. Estas observações, portanto, não passam disso: observações – que fiz, e muitas vezes confirmei, em situações variadas desde que cheguei aqui. Elas não pretendem ser definitivas, absolutas ou sequer completas. São, apenas, um modo particular de ver, sob o filtro único das minhas percepções.

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Ah, os ingleses… [2]

Como eu disse aqui, estou longe de ser antropóloga, psicóloga ou socióloga; mesmo assim, fiz uma coletânea do comportamento e do estilo de vida ingleses. A ideia não é constranger; ao contrário, é entreter.

Ingleses, o dia-a-dia

Ingleses são normalmente muito educados: agradecem e se desculpam o tempo todo. Se chocam com o fato de nós, brasileiros, não falarmos ‘por favor’ a cada frase. E estranham a ideia de substituirmos o ‘por favor’ pela entonação correta de voz. Muito agradável nessa personalidade extremamente educada dos ingleses é a motivação que ela cria. Tudo para eles é amazing, brilliant, brill, great, lovely. Mesmo quando o que está sendo elogiado não merece o elogio.

Ingleses comem mal. Peixe empanado com batata, ambos fritos, é o prato nacional. A ele se juntam salgados com recheios incomuns – como a favorita ‘steak and kidney pie’ (que leva rins de carneiro ou de porco, urgh!). E bebem bem: nossa tulipa de chope, para eles, é brincadeira de criança. A medida básica de bebida por aqui é a ‘pint’, nada menos que 568 ml. Isso mesmo: meio litro apenas ‘to get started’. Eles não se incomodam se a cerveja não estiver gelada e, muitas vezes, compram duas ou mais garrafas (ou copos) de uma só vez para não ter de voltar ao bar por um tempo – o que faz relativamente pouca diferença nos invernos gelados daqui, mas pode ser um pouco estranho no verão. Ingleses detestam cerveja com colarinho! E fazem questão de que a marca nos copos de ‘pint’ – que indica o mínimo de cerveja que deve ser colocado no copo – seja respeitada (existe até lei para isso!!!).

Quando não estão entretidos com suas cervejas (há quem diga que os ingleses vivem bêbados porque não conseguiriam se relacionar sóbrios, de tão insuportáveis que são, hehehe; quero deixar claro que discordo disso!), ingleses bebem bastante chá. Na maioria das vezes, o tradicional chá preto (conhecido por aqui como English Breakfast). E com leite.

Em geral, ingleses ficam bravos se não há comida na lanchonete do estádio de futebol em noite de jogo. Preferem ver a partida pela TV, em frente à lanchonete, a ir para a arquibancada sem o copo de cerveja na mão. Se estiverem xingando o atendente e forem ameaçados de não serem atendidos, param imediatamente de fazê-lo. E nunca, jamais, jogam lixo dentro de cestinhos improvisados em cima do balcão: preferem colocá-lo fora e ao redor deles.

Ingleses gostam de fazer picnic e tomar sol de biquíni – ou topless – nos parques em dias quentes de verão. Um de seus passatempos preferidos é comentar o clima. Em qualquer dia do ano. No inverno, o charme e a elegância britânicos invadem a cidade e muitos sobretudos e chapéus desfilam pelas ruas. Alguns vão para o trabalho vestindo terno ou tailler e calçando tênis, para ter mais conforto enquanto pedalam suas bicicletas dobráveis. Outros optam por se vestir com mais pompa e pegar os trens, metrôs e ônibus do excepcional sistema de transporte público londrino.

Bairrismo é algo que em geral não está no vocabulário da maioria dos ingleses que moram em Londres. Tão acostumados a conviver com o diferente, eles normalmente não se limitam a se relacionar entre si: estão sempre abertos a novas experiências. Há, claro, os que têm fortíssimas restrições a outras nacionalidades. Ou mesmo a quem nasceu por aqui, mas não vem de família tradicional inglesa – nesse caso, são chamados de britânicos, mas jamais serão ingleses.

Aviso legal

Ingleses são diferentes entre si e em relação às demais nacionalidades. Estas observações, portanto, não passam disso: observações – que fiz, e muitas vezes confirmei, em situações variadas desde que cheguei aqui. Elas não pretendem ser definitivas, absolutas ou sequer completas. São, apenas, um modo particular de ver, sob o filtro único das minhas percepções.

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Ah, os ingleses…

Estou longe de ser antropóloga, psicóloga ou socióloga, mas alguns comportamentos dos ingleses me intrigam. Creio até que merecem estudo especializado. Por isso, fiz uma coletânea, que pretende mais entreter do que constranger. E dá algumas dicas para quem quer saber um pouco mais sobre esse peculiar povo.

Ingleses, o prólogo

Ingleses são um capítulo à parte em Londres. Mesmo sem recorrer a estatísticas e dados imigratórios, qualquer um sabe que o Reino Unido – e mais notadamente Londres – vem há décadas servindo de moradia para cidadãos de países de economia menos estável. E não apenas da Europa, mas de todo o mundo.

Quando a Comunidade Européia decidiu pela adoção do Euro como moeda única entre seus membros, o Reino Unido, embora faça parte do bloco, optou por manter-se fora do acordo – já que a libra esterlina, na época, valia mais e garantia maior poder de compra. Essa decisão fez que a Inglaterra se tornasse uma escolha ainda mais óbvia para nacionais de países do Leste Europeu, cujas economias ainda sofrem com os estilhaços políticos da Guerra Fria.

Londres tornou-se, assim, um caldeirão de nacionalidades, onde gente de todo o mundo vem se encontrar. E, por mais que às vezes pareça estranho, há até ingleses por aqui. É mais ou menos como o que acontece em São Paulo, só que mais evidente e forte.

Fato é que ingleses são, ao contrário do que eu – e muita gente! – acreditava, bastante receptivos. Esqueça a fleuma e a frieza: a maioria deles é informal e até brincalhona; muitos são bastante sensíveis e calorosos.

Outro mito, pelo menos para mim, é o da superioridade cultural. Ingleses, em sua maioria, não estudam muito: começam a trabalhar cedo, muitas vezes em áreas relacionadas à hospitalidade, se desenvolvem na empresa e por lá ficam. Há os que prefiram seguir cursos técnicos que dão formação rápida e específica, já que o sistema educacional oferece muitas opções em diferentes níveis e o mercado de trabalho absorve os profissionais. Outros optam por não estudar e, depois, não trabalhar, uma vez que a monarquia paternalista garante ajuda financeira e social vitalícia. Poucos frequentam a universidade: isso é para estrangeiros.

A maioria dos ingleses é bastante limitada, independentemente do grau de escolaridade. Muitos demoram para aprender ou para aceitar mudanças nos sistemas obsoletos que usam. Pior: a maioria deles não se convence de que alguém seja capaz de aprender determinadas tarefas, principalmente as que envolvem o uso de tecnologia, sem ter feito um curso para tal – não sei se por algum mito criado ou por eles mesmos não conseguirem.

Ingleses, quase sempre, falam e escrevem mal seu idioma (hmmm, já vi isso antes…). Aquelas regrinhas de gramática tão chatas de estudar não fazem muita falta no dia-a-dia da conversação social: eles se esforçam para entender os estrangeiros, com seus sotaques e deslizes, e nunca, nunca, nunca acusam alguém de não falar inglês bem.

Muitos ingleses têm dificuldade para entender e seguir direções – se ouvem ou lêem direita, vão para a esquerda e vice-versa -, e raramente prestam atenção a placas e sinais ou mesmo a instruções dadas por alguém. Na maioria das vezes, não reclamam ou questionam regras, por mais absurdas que elas pareçam ou sejam.

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Ingleses são diferentes entre si e em relação às demais nacionalidades. Estas observações, portanto, não passam disso: observações – que fiz, e muitas vezes confirmei, em situações variadas desde que cheguei aqui. Elas não pretendem ser definitivas, absolutas ou sequer completas. São, apenas, um modo particular de ver, sob o filtro único das minhas percepções.
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Linda Londres

Falar de Londres não é tarefa fácil. Mesmo tendo vivido aqui por cinco anos; que foram longos, mas curtíssimos ao mesmo tempo. Conheci tanta gente que seria incapaz de nomear cada um. Em muitos casos, conheci apenas durante poucos minutos – o tempo suficiente para aparecermos juntos em uma foto, por exemplo. Outros conheci por mais tempo, mas já não fazem parte do meu círculo de relacionamentos. Por motivos vários e algumas vezes incompreensíveis.

Foi em Londres que me expus aos perigos do mundo. Foi em Londres que me senti mais desprotegida em toda a minha vida; por não ter para quem ligar quando algo deu errado ou, pior!, por ligar para alguém e perceber que era melhor não ter ligado.

Foi em Londres que pude experimentar as delícias – e as grandes dores – de conhecer gente tão diferente de mim. Foi em Londres que exercitei minha tolerância. Foi em Londres que descobri a dificuldade de me fazer entender – até mesmo na minha própria língua. Foi aqui mesmo em Londres que aprendi mais sobre mim mesma.

Foi em Londres que perdi contato com antigos e queridos amigos, por causa da distância. Foi em Londres que, mesmo à distância, reforcei laços e relacionamentos que eu antes considerava frágeis. Foi em Londres que, apesar da distância, consegui a reafirmação de amizades sólidas e bem-construídas.

Foi em Londres que senti frio na barriga quando vi, pela primeira vez, o Big Ben. Foi em Londres que senti frio na barriga todas as vezes que andei na London Eye. Foi em Londres que senti frio na barriga quando recebi a visita de amigos. Foi em Londres que senti frio na barriga quando saí do trabalho e molhei meus cabelos com a neve que cobria tudo de branco. Foi em Londres que senti frio na barriga quando voltei de viagem e percebi que esta cidade era a minha casa.

Foi em Londres que, tantas vezes, senti frio na barriga ao me apaixonar; por pessoas, lugares, cheiros, atitudes, comportamentos. Foi em Londres que senti o aconchego da compreensão. Foi em Londres que tive vergonha de me sentir fraca. Foi em Londres que vi beleza em ações singelas e palavras bonitas nos momentos mais inesperados.

Foi em Londres que percebi que, para entender o outro idioma, eu já não precisava olhar para a boca das pessoas enquanto elas falavam. Foi em Londres que aprendi que a comunicação e o entendimento vão além do simples conhecimento do idioma. Foi em Londres que descobri que não entendo a maioria dos sotaques. Foi em Londres que mantive uma conversa de 1h sem entender absolutamente nada do que foi dito.

Foi em Londres que experimentei meu primeiro ‘fancy coffee’ no Starbucks – justo eu, que não gosto de café! Foi em Londres que tomei minha primeira ‘pint’ – justo eu, que não bebo cerveja! Foi em Londres que, pela primeira vez, fiz questão de ficar perto de fumantes enquanto eles fumavam – justo eu, que odeio cigarro!

Foi em Londres que me libertei de preconceitos. Foi em Londres que adquiri preconceitos. Foi em Londres que reforcei a crença nos meus valores; apesar de tantas pessoas tentarem me convencer do contrário. Foi em Londres que senti orgulho de ser quem eu sou. Foi em Londres que me cansei de ser quem eu sou. Foi em Londres que comecei a buscar o equilíbrio.

Foi em Londres que estabeleci prioridades. Foi em Londres que revi minhas prioridades. Foi em Londres que senti tristeza; aquela tristeza profunda que devora a alma da gente. Foi em Londres que busquei ser feliz.

Foi em Londres que senti que não queria morar em nenhum outro lugar. Foi em Londres que decidi que está quase na hora de voltar para a minha amada São Paulo. Foi em Londres que tive dúvidas. Foi em Londres que reconheci minhas certezas.

Foi em Londres que, acima de tudo, fui feliz como nunca!

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O que a gente planta

Estou passando por um momento muito delicado em termos de sanidade psicológica. Estou basicamente enlouquecendo afundada em meus próprios pensamentos, a ponto de me sentir perdida de mim mesma. Difícil de entender, eu sei. E bastante difícil de explicar.

Se isso tem servido para me desesperançar em diversos momentos, serviu também para me mostrar que meu plantio ao longos dos anos teve efeitos benéficos aqui e ali. Quem me conhece, e é verdadeiramente meu amigo, sabe qual o meu temperamento e conhece algumas das minhas convicções. É até capaz de prever a forma como reagirei diante das adversidades.

O mais importante de tudo, porém, é que me aceita como eu sou. E isso indica que minha plantação tem seus méritos. Só por essas pessoas existirem e me compreenderem, minha vida já vale a pena. Muito obrigada!

E, de novo, não falei do assunto que ia falar quando abri a página do blog. Achei mais importante dizer que é graças aos meus amigos que os dias são coloridos mesmo sob o céu cinza da minha amada Londres.

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Da falta de palavras…

E daí eu vim escrever uma coisa e, ao ler um post anterior, me lembrei de outra. Encontrei a LINDA Luciane (ela nem sabe que este blog existe ou sequer o que é um blog :-D, mas eu não resisto e preciso falar dela!), que foi tão presente em um dos momentos mais especiais da minha passagem neste mundo. Lu, não admito que você desapareça de novo, viu?!

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Da série ‘Coisas que me irritam’

Falta de personalidade é algo que realmente me incomoda. E quem se anula pra viver as opiniões dos outros, então?! Olha, eu sinceramente não tenho a menor disposição pra esse tipo de comportamento.

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Da felicidade

E como é delicioso falar com pessoas queridas, né?! Ando bastante nostálgica e sentindo muita vontade de conversar com gente que me faz bem.

Hoje, por exemplo, foi maravilhoso o contato com Ferdi e Judi. Risadas, conselhos e muito papo solto. Adorei de monte!

Agora estou à procura de duas pessoinhas que sumiram da minha vida há algum tempo e de quem eu sinto MUITA saudade: Luciane e Lincoln, seus lindos, onde é que vocês estão, hein?!

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