Ah, os ingleses… [2]

Como eu disse aqui, estou longe de ser antropóloga, psicóloga ou socióloga; mesmo assim, fiz uma coletânea do comportamento e do estilo de vida ingleses. A ideia não é constranger; ao contrário, é entreter.

Ingleses, o dia-a-dia

Ingleses são normalmente muito educados: agradecem e se desculpam o tempo todo. Se chocam com o fato de nós, brasileiros, não falarmos ‘por favor’ a cada frase. E estranham a ideia de substituirmos o ‘por favor’ pela entonação correta de voz. Muito agradável nessa personalidade extremamente educada dos ingleses é a motivação que ela cria. Tudo para eles é amazing, brilliant, brill, great, lovely. Mesmo quando o que está sendo elogiado não merece o elogio.

Ingleses comem mal. Peixe empanado com batata, ambos fritos, é o prato nacional. A ele se juntam salgados com recheios incomuns – como a favorita ‘steak and kidney pie’ (que leva rins de carneiro ou de porco, urgh!). E bebem bem: nossa tulipa de chope, para eles, é brincadeira de criança. A medida básica de bebida por aqui é a ‘pint’, nada menos que 568 ml. Isso mesmo: meio litro apenas ‘to get started’. Eles não se incomodam se a cerveja não estiver gelada e, muitas vezes, compram duas ou mais garrafas (ou copos) de uma só vez para não ter de voltar ao bar por um tempo – o que faz relativamente pouca diferença nos invernos gelados daqui, mas pode ser um pouco estranho no verão. Ingleses detestam cerveja com colarinho! E fazem questão de que a marca nos copos de ‘pint’ – que indica o mínimo de cerveja que deve ser colocado no copo – seja respeitada (existe até lei para isso!!!).

Quando não estão entretidos com suas cervejas (há quem diga que os ingleses vivem bêbados porque não conseguiriam se relacionar sóbrios, de tão insuportáveis que são, hehehe; quero deixar claro que discordo disso!), ingleses bebem bastante chá. Na maioria das vezes, o tradicional chá preto (conhecido por aqui como English Breakfast). E com leite.

Em geral, ingleses ficam bravos se não há comida na lanchonete do estádio de futebol em noite de jogo. Preferem ver a partida pela TV, em frente à lanchonete, a ir para a arquibancada sem o copo de cerveja na mão. Se estiverem xingando o atendente e forem ameaçados de não serem atendidos, param imediatamente de fazê-lo. E nunca, jamais, jogam lixo dentro de cestinhos improvisados em cima do balcão: preferem colocá-lo fora e ao redor deles.

Ingleses gostam de fazer picnic e tomar sol de biquíni – ou topless – nos parques em dias quentes de verão. Um de seus passatempos preferidos é comentar o clima. Em qualquer dia do ano. No inverno, o charme e a elegância britânicos invadem a cidade e muitos sobretudos e chapéus desfilam pelas ruas. Alguns vão para o trabalho vestindo terno ou tailler e calçando tênis, para ter mais conforto enquanto pedalam suas bicicletas dobráveis. Outros optam por se vestir com mais pompa e pegar os trens, metrôs e ônibus do excepcional sistema de transporte público londrino.

Bairrismo é algo que em geral não está no vocabulário da maioria dos ingleses que moram em Londres. Tão acostumados a conviver com o diferente, eles normalmente não se limitam a se relacionar entre si: estão sempre abertos a novas experiências. Há, claro, os que têm fortíssimas restrições a outras nacionalidades. Ou mesmo a quem nasceu por aqui, mas não vem de família tradicional inglesa – nesse caso, são chamados de britânicos, mas jamais serão ingleses.

Aviso legal

Ingleses são diferentes entre si e em relação às demais nacionalidades. Estas observações, portanto, não passam disso: observações – que fiz, e muitas vezes confirmei, em situações variadas desde que cheguei aqui. Elas não pretendem ser definitivas, absolutas ou sequer completas. São, apenas, um modo particular de ver, sob o filtro único das minhas percepções.

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