Ah, os ingleses…

Estou longe de ser antropóloga, psicóloga ou socióloga, mas alguns comportamentos dos ingleses me intrigam. Creio até que merecem estudo especializado. Por isso, fiz uma coletânea, que pretende mais entreter do que constranger. E dá algumas dicas para quem quer saber um pouco mais sobre esse peculiar povo.

Ingleses, o prólogo

Ingleses são um capítulo à parte em Londres. Mesmo sem recorrer a estatísticas e dados imigratórios, qualquer um sabe que o Reino Unido – e mais notadamente Londres – vem há décadas servindo de moradia para cidadãos de países de economia menos estável. E não apenas da Europa, mas de todo o mundo.

Quando a Comunidade Européia decidiu pela adoção do Euro como moeda única entre seus membros, o Reino Unido, embora faça parte do bloco, optou por manter-se fora do acordo – já que a libra esterlina, na época, valia mais e garantia maior poder de compra. Essa decisão fez que a Inglaterra se tornasse uma escolha ainda mais óbvia para nacionais de países do Leste Europeu, cujas economias ainda sofrem com os estilhaços políticos da Guerra Fria.

Londres tornou-se, assim, um caldeirão de nacionalidades, onde gente de todo o mundo vem se encontrar. E, por mais que às vezes pareça estranho, há até ingleses por aqui. É mais ou menos como o que acontece em São Paulo, só que mais evidente e forte.

Fato é que ingleses são, ao contrário do que eu – e muita gente! – acreditava, bastante receptivos. Esqueça a fleuma e a frieza: a maioria deles é informal e até brincalhona; muitos são bastante sensíveis e calorosos.

Outro mito, pelo menos para mim, é o da superioridade cultural. Ingleses, em sua maioria, não estudam muito: começam a trabalhar cedo, muitas vezes em áreas relacionadas à hospitalidade, se desenvolvem na empresa e por lá ficam. Há os que prefiram seguir cursos técnicos que dão formação rápida e específica, já que o sistema educacional oferece muitas opções em diferentes níveis e o mercado de trabalho absorve os profissionais. Outros optam por não estudar e, depois, não trabalhar, uma vez que a monarquia paternalista garante ajuda financeira e social vitalícia. Poucos frequentam a universidade: isso é para estrangeiros.

A maioria dos ingleses é bastante limitada, independentemente do grau de escolaridade. Muitos demoram para aprender ou para aceitar mudanças nos sistemas obsoletos que usam. Pior: a maioria deles não se convence de que alguém seja capaz de aprender determinadas tarefas, principalmente as que envolvem o uso de tecnologia, sem ter feito um curso para tal – não sei se por algum mito criado ou por eles mesmos não conseguirem.

Ingleses, quase sempre, falam e escrevem mal seu idioma (hmmm, já vi isso antes…). Aquelas regrinhas de gramática tão chatas de estudar não fazem muita falta no dia-a-dia da conversação social: eles se esforçam para entender os estrangeiros, com seus sotaques e deslizes, e nunca, nunca, nunca acusam alguém de não falar inglês bem.

Muitos ingleses têm dificuldade para entender e seguir direções – se ouvem ou lêem direita, vão para a esquerda e vice-versa -, e raramente prestam atenção a placas e sinais ou mesmo a instruções dadas por alguém. Na maioria das vezes, não reclamam ou questionam regras, por mais absurdas que elas pareçam ou sejam.

Aviso legal

Ingleses são diferentes entre si e em relação às demais nacionalidades. Estas observações, portanto, não passam disso: observações – que fiz, e muitas vezes confirmei, em situações variadas desde que cheguei aqui. Elas não pretendem ser definitivas, absolutas ou sequer completas. São, apenas, um modo particular de ver, sob o filtro único das minhas percepções.
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